domingo, 9 de setembro de 2012

Tinha que escrever. Tirar qualquer substância ruidosa do seu ser. Fazer ponto, pingar o i. Tinha que ser feito. Hoje mesmo, agora. Nem era pra organizar ideias, pra botar pra fora. Era escrever. Sentir o papel ser preenchido. Preenchido por qualquer coisa. Nem precisa mais de qualidade assim. Tamanha necessidade. A mesma coisa está sendo sua vida. Tinha que viver. Qualquer sensação de verdade. Mas ultimamente tem sido exigente. Quer o autêntico, o inédito. Cansou até da sua própria repetição. Repetição que a fazia ser quem foi. Na verdade não é escrever o que quer. Quer a sensação do preencher. Do branco a se abrir a cada virada de folha. Qual a próxima? Como serão os próximos passos? Casar? Brigar? Dançar? Quer se reescrever. Já sabendo que até esse sentimento nela se repete há quantos anos! Tantos. E por que? Por que ela é assim com a vida? Ao mesmo tempo calma e ar-dor? Tem tudo isso dentro. Confuso.  Nem está mais dormente, nunca esteve. Pra se sentir assim, tão de repente, é porque algo sempre esteve ai. O que será? É fogo no rabo! É vontade de ter poeira no sapato. Que juntar escovas que nada! Quer é criar céus compartilhados. A cada dia um teto estrelado novo. Como juntar isso com as outras vozes dentro de si? Como ser doce e azeda ao mesmo tempo? Nova vida? Possível? Hoje nem se importa com as ligações não recebidas. Hoje quer é brincar de telefone sem fio. Não lhe importa mais o pavio. Não... Não! Já carrega algumas mágicas na mochila, já tem alguns anos a frente dessa jornada. Sabe muito bem tentar se virar. O que tem que fazer agora é lustrar o sapato e dançar nesse salão. E já vai tarde!