sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A ausência me corrói de tão presente. Sei que todo o branco tem um latente colorido. Dor-mente. Pensar em tudo, errar em algo, mas sobretudo esperar. Os dias passando e que não querem chegar. Minha alma vagando pra te encontrar.

Sei que preciso levantar. Espreguiçar. Lavar o rosto. Acordar. Na noite de ontem teve muito sonho, cabeça cheia, rodopiando. Dou um passo, cai um. E vem o travesseiro. E o tic-tac que não passa nessa demora. Tento empurrar os pausinhos. Mexo daqui, mexo acolá. Mas vai: um minuto. Ufa! Que posso fazer senão viver?

E quando chegar, não deixe de trazer um bom abraço e um xêro pra esse tempo todo poder compensar!


Não foi desta vez. E não foi porque não quis. a vida não brotou ali. Melhor, a vida fluiu, como todo mês flui, espessa, lembrando que talvez um dia. Talvez um dia. Lá naquele dia, ela vai se esquecer destes tantos outros em que ela queria. Ela sentia a pele arrepiar com a possibilidade do talvez. E ficava feliz. Uma felicidade louca. E agora, ela se despede desse arrepio. E fica a espera do dia. Do dia em que a vida a encontre e diga : "É aqui."

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Baby nigth

Ouso pedir que em mim cresças. Ouso querer sentir o arrepio interior. Querer sentir a chama de levar a vida dentro. Vida compartilhada. Me reviro como numa noite de muito suor entre os lençóis para tentar imaginar a sensação que seria te ver crescendo em mim. Ouso dizer que é o que mais quero neste momento. Fechar o ciclo. Com essa energia sensual de ser geradora. Em mim não poderia existir algo mais apaixonante do que carregar a nossa possibilidade em meu ventre. É como ouvir Tim Maia nas nossas antigas noites de amor, ou Sweet Smoke com o olhar de futuro que você tem, jovem e belo que eres. Fecunde-me!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ainda sinto seu cheiro em minha mão. Ele se aprofundou em meu corpo, fundiu-se com as células de minha pele, criou um híbrido e erótico órgão.  Você em mim. No mais orgânico e orgástico sentido. De se tornar natural, eu passar suas mãos sobre seus pelos ao meu arrepio. E você ainda se perturbar, mas sabendo que é uma ilusão. Comovido, provocado, soltas sua ira em mim. Da qual me alimento e revido, regurgitando todos os bilhões de anos do nosso passado em sua íris. Só nos resta alguns anos, mas temos o conhecimento enciclopédico de toda a humanidade em nosso inconsciente. Seu cheiro se impregnou. Isso, ainda, não houve acúmulo de saber que ele soube retirar. Eu o aceito, mutante que sou.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cem anos de solidão.

A solidão que ela sente é destrutiva. Não é vazio o que realmente a persegue. Na verdade, é uma cheiúra. Uma cheiúra que poucos entenderam ao longo de sua vida. Se for pensar bem, ela está só. Sempre se sentiu assim. Quando tudo parece bem, sintonia entre pessoas, sentimentos estáveis, reconhecimento...de repente, vem essa cheiúra da vida toda e traz esse troço estranho de sentir no peito, de querer chorar e mais nada. Esse troço ela sentiu inúmeras vezes na sua vida e quando sente é de se jogar no travesseiro, meu nêgo, e ir lá pros cantos mais temerosos de seu coração.
Ela ainda é uma menina na frente dele. Principalmente quando vem a voz bruta, o jeito estúpido e a descrença total na sua mudança ou no fato de que é uma pessoa. No fundo ela sabe que é apenas encenação. Mas ela também sabe que já se cansou há muito tempo dessa peça. Já não há mais papel pra ela, ela não o quer.
O que ela sempre quis é mostrar que mudou, que é doce, que é feliz. Só nesses momentos ela desacredita até de sua cor e cai nesse conto de achar que ela também não vai voar.
É o último natal que ela comemora antes de ter filhas. Prometeu pra si, mesmo que ninguém mais precise verbalmente saber dessa decisão. Não irá mais colocar presentes na árvore, nem ao menos procurar um dia inteiro pelo gosto da felicidade na vitrine. Não irá mais preparar um dia todo a ceia ou esperar até a meia noite para ver o que há dentro das caixinhas.
O mistério da hipocrisia já acabou há muito tempo em sua vida.
Ela precisa é sorrir livremente. E o pior é que já está esquecendo de como é isso. Que bicho é esse?
Essa cheiúra não se encontra onde caber. E transborda. No seu fluxo vai evidenciando dores e medos pra essa menina. Ah, menina, se tu soubesses!
Somos fruto dos erros dos nossos pais, das suas escolhas. Temos como sair um pouco delas, mas se não peitamos nossos próprios passos iremos ficar a mercê do que parece ser uma vida eternamente cinza.
Por isso, menina, você vai ter muito ainda pra viver. Outros abortos, traições, desilusões, mentiras, afastamentos, incompreensões virão. E, então, tá passando da hora de colocar o nariz no mundo. E o prazo é este ano.

2012 não passará.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Isso. Impulsividade e explosão resolvem tudo. Agora, recorra ao vazio, o amigo de sempre, pra acalmar esta noite.
Preciso de alguma forma resolver isso em mim.
De alguma forma é preciso.
Resolver?
Como?
Se as palavras não saem, doem.
Se eu não acredito nesse mal que corrói, porque o odeio.
Ou talvez acredite justamente por isso.
Dar crédito.
Pra algo que não merece sequer existir.
Ou merece?
E de muito, já explodo.
Porque a carga toda fica.
Mas como resolvo?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vazio é uma coisa estranha. Pode vir quando você anda mais cheio. Cheio de amor. Cheio de desejo. Cheio do fazer. De saco cheio!
Mas o certo é que é o vazio é algo bem cheio. E quando vem não vai, fica. Demora ou apenas toma um chá.
O vazio é um velho companheiro. Grande amigo pra toda vida. Vazio e ser humano combinam.
Quanto mais se recheia, mais ele se apresenta. O vazio, rechonchudo de si, não dá brecha pro nada. Se enche, carrega tudo e preenche com seu esvaziar cada canto do coração.
Meu vazio dói pela sua insaciedade. Me devora, suga todas minhas certezas. Me deixa sem saber quem sou, pra onde vou e com quem estou.
Mesmo assim, o mais certeiro que carrego nessa vida é esse vazio cheio de si.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sentiu um vazio ao tomar sua rotineira taça de chá de alecrim. Apesar do sabor ser um pedido de alegria, aquela conversa abriu memórias de um tempo cumprido. Foi lá que reviveu tempos de sangue, intermináveis provas. Tempos de lágrimas. Sempre na contradição de serem também os melhores anos de sua vida, curta vida. E pra não remexer mais no passado, foi olhar à janela. Configurando-se lentamente no seu presente. E com o futuro a latejar na sua cabeça.