sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A ausência me corrói de tão presente. Sei que todo o branco tem um latente colorido. Dor-mente. Pensar em tudo, errar em algo, mas sobretudo esperar. Os dias passando e que não querem chegar. Minha alma vagando pra te encontrar.

Sei que preciso levantar. Espreguiçar. Lavar o rosto. Acordar. Na noite de ontem teve muito sonho, cabeça cheia, rodopiando. Dou um passo, cai um. E vem o travesseiro. E o tic-tac que não passa nessa demora. Tento empurrar os pausinhos. Mexo daqui, mexo acolá. Mas vai: um minuto. Ufa! Que posso fazer senão viver?

E quando chegar, não deixe de trazer um bom abraço e um xêro pra esse tempo todo poder compensar!


Não foi desta vez. E não foi porque não quis. a vida não brotou ali. Melhor, a vida fluiu, como todo mês flui, espessa, lembrando que talvez um dia. Talvez um dia. Lá naquele dia, ela vai se esquecer destes tantos outros em que ela queria. Ela sentia a pele arrepiar com a possibilidade do talvez. E ficava feliz. Uma felicidade louca. E agora, ela se despede desse arrepio. E fica a espera do dia. Do dia em que a vida a encontre e diga : "É aqui."

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Baby nigth

Ouso pedir que em mim cresças. Ouso querer sentir o arrepio interior. Querer sentir a chama de levar a vida dentro. Vida compartilhada. Me reviro como numa noite de muito suor entre os lençóis para tentar imaginar a sensação que seria te ver crescendo em mim. Ouso dizer que é o que mais quero neste momento. Fechar o ciclo. Com essa energia sensual de ser geradora. Em mim não poderia existir algo mais apaixonante do que carregar a nossa possibilidade em meu ventre. É como ouvir Tim Maia nas nossas antigas noites de amor, ou Sweet Smoke com o olhar de futuro que você tem, jovem e belo que eres. Fecunde-me!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ainda sinto seu cheiro em minha mão. Ele se aprofundou em meu corpo, fundiu-se com as células de minha pele, criou um híbrido e erótico órgão.  Você em mim. No mais orgânico e orgástico sentido. De se tornar natural, eu passar suas mãos sobre seus pelos ao meu arrepio. E você ainda se perturbar, mas sabendo que é uma ilusão. Comovido, provocado, soltas sua ira em mim. Da qual me alimento e revido, regurgitando todos os bilhões de anos do nosso passado em sua íris. Só nos resta alguns anos, mas temos o conhecimento enciclopédico de toda a humanidade em nosso inconsciente. Seu cheiro se impregnou. Isso, ainda, não houve acúmulo de saber que ele soube retirar. Eu o aceito, mutante que sou.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cem anos de solidão.

A solidão que ela sente é destrutiva. Não é vazio o que realmente a persegue. Na verdade, é uma cheiúra. Uma cheiúra que poucos entenderam ao longo de sua vida. Se for pensar bem, ela está só. Sempre se sentiu assim. Quando tudo parece bem, sintonia entre pessoas, sentimentos estáveis, reconhecimento...de repente, vem essa cheiúra da vida toda e traz esse troço estranho de sentir no peito, de querer chorar e mais nada. Esse troço ela sentiu inúmeras vezes na sua vida e quando sente é de se jogar no travesseiro, meu nêgo, e ir lá pros cantos mais temerosos de seu coração.
Ela ainda é uma menina na frente dele. Principalmente quando vem a voz bruta, o jeito estúpido e a descrença total na sua mudança ou no fato de que é uma pessoa. No fundo ela sabe que é apenas encenação. Mas ela também sabe que já se cansou há muito tempo dessa peça. Já não há mais papel pra ela, ela não o quer.
O que ela sempre quis é mostrar que mudou, que é doce, que é feliz. Só nesses momentos ela desacredita até de sua cor e cai nesse conto de achar que ela também não vai voar.
É o último natal que ela comemora antes de ter filhas. Prometeu pra si, mesmo que ninguém mais precise verbalmente saber dessa decisão. Não irá mais colocar presentes na árvore, nem ao menos procurar um dia inteiro pelo gosto da felicidade na vitrine. Não irá mais preparar um dia todo a ceia ou esperar até a meia noite para ver o que há dentro das caixinhas.
O mistério da hipocrisia já acabou há muito tempo em sua vida.
Ela precisa é sorrir livremente. E o pior é que já está esquecendo de como é isso. Que bicho é esse?
Essa cheiúra não se encontra onde caber. E transborda. No seu fluxo vai evidenciando dores e medos pra essa menina. Ah, menina, se tu soubesses!
Somos fruto dos erros dos nossos pais, das suas escolhas. Temos como sair um pouco delas, mas se não peitamos nossos próprios passos iremos ficar a mercê do que parece ser uma vida eternamente cinza.
Por isso, menina, você vai ter muito ainda pra viver. Outros abortos, traições, desilusões, mentiras, afastamentos, incompreensões virão. E, então, tá passando da hora de colocar o nariz no mundo. E o prazo é este ano.

2012 não passará.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Isso. Impulsividade e explosão resolvem tudo. Agora, recorra ao vazio, o amigo de sempre, pra acalmar esta noite.
Preciso de alguma forma resolver isso em mim.
De alguma forma é preciso.
Resolver?
Como?
Se as palavras não saem, doem.
Se eu não acredito nesse mal que corrói, porque o odeio.
Ou talvez acredite justamente por isso.
Dar crédito.
Pra algo que não merece sequer existir.
Ou merece?
E de muito, já explodo.
Porque a carga toda fica.
Mas como resolvo?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vazio é uma coisa estranha. Pode vir quando você anda mais cheio. Cheio de amor. Cheio de desejo. Cheio do fazer. De saco cheio!
Mas o certo é que é o vazio é algo bem cheio. E quando vem não vai, fica. Demora ou apenas toma um chá.
O vazio é um velho companheiro. Grande amigo pra toda vida. Vazio e ser humano combinam.
Quanto mais se recheia, mais ele se apresenta. O vazio, rechonchudo de si, não dá brecha pro nada. Se enche, carrega tudo e preenche com seu esvaziar cada canto do coração.
Meu vazio dói pela sua insaciedade. Me devora, suga todas minhas certezas. Me deixa sem saber quem sou, pra onde vou e com quem estou.
Mesmo assim, o mais certeiro que carrego nessa vida é esse vazio cheio de si.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sentiu um vazio ao tomar sua rotineira taça de chá de alecrim. Apesar do sabor ser um pedido de alegria, aquela conversa abriu memórias de um tempo cumprido. Foi lá que reviveu tempos de sangue, intermináveis provas. Tempos de lágrimas. Sempre na contradição de serem também os melhores anos de sua vida, curta vida. E pra não remexer mais no passado, foi olhar à janela. Configurando-se lentamente no seu presente. E com o futuro a latejar na sua cabeça.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


A luz de fim de tarde tinha para ela um sabor inigualável. Os róseos raios de sol formavam  um só arrepio ao beijar sua pele. O momento em que sentía todo o mundo, seus fenômenos e sua vida. No ônibus, voltando de mais um dia, sentia o crescer invasor no seu corpo, era a sua conversa preferida. Muda, sonhava… pensava em liberdade, em amores, em lugares para se estar. Não, não tinha medo do fim do dia. Era como fazer amor, renascer. Não entedia de onde vinha aquela energia sensual, apenas a sabia. Sabia como de nascença, que movimiento fazer, qual a válvula para seu prazer. Sabia. E era como um delírio, uma destruição. Ia para o seu zero, cometia os maiores crimes, os setes pecados capitais, cuspia nos dez mandamentos. Mergulhava no seu mais profundo e levava todo o mundo. Lá estaba Roberto, sua mãe, o gato do vizinho. Sentia. Os papéis tinham o passado em sua essência, de nada lhe serviam. Aquela rua não era caminho algum. O amor, era velho. Sua miopía nao tinha lentes. Via! “ Não era o suficiente!”, dizia. Nunca o serei, nunca será. Reiventar! Quem sabe à maçã seja possível um pouco mais de pêssego? Quem sabe naquele escritório não caiba um pouco mais de pássaros? No ar, voar. Quem sabe no seu bom dia…quem sabe na sua dança…no seu sorriso…na sua mão? Sabia. Debruçava-se. Caía. Girava. “Somos feitos de verbos, somos feitos de vento”, regogitava. E o gosto amargo na boca a jogava no sofá. Olhos sem água na janela. Se reencontrava. Se conhecia. Se amou. “Eu sou”, bastava. Era sempre a mesma nova conclusão. O mesmo empurrão, o cuspe na cara. Era sua epilepsia. No jornal, os gols do dia. A mesma Bia?

sábado, 5 de novembro de 2011

Hâm!

A inspiração foi embora. Foi nada! Uns dizem que não existe inspiração, que é só trabalha árduo (João Cabral de Melo Neto, algum ano afora e sem norma de ABNT, Daniel Araújo, há uns dois anos). Outros dizem que ela existe, quase coisa indefinida, ela o é, nas coisas do dia a dia, não sai de ti (Cícero Rosa Lins, o cantor, por facebook.) Pois é. Eu misturo um pouco das duas definições. Porque a inspiração está em mim sempre, a respiro. Entretanto (já que me disseram que uso muito MAS), pra ela sair e tornar a poesia expressada também é necessário trabalho, paciência e aquele momento. Contudo, o "aquele momento" se transforma, pode vir de surpresa, já com aquela frase torta começada e pronto, coisa nova, poesia fluida.
E aquela lá dizendo dos amantes, que não os deixa ir embora, que não são gilletes. Humm. Fantasma meu. E nem sei porque virou meu fantasma. Eu estou escolhendo que seja assim. Nem minha é essa memória. Mas dizem mesmo que quando alguma coisa começa, ela nunca termina. Se torna diversa. E a nossa maior angústia, ou talvez um dia já foi minha, é tentar terminar as histórias passadas de outréns, nem tanto as nossas, porque o orgulho ainda existe. "Tem coisas que a gente se apega, que a gente carrega, gosta de ter."
Ah! esquece! Tem coisas melhores.

Bem, aqui estou escrevendo. Pelo jeito a inspiração se me foi. Como um aborto, impeço de começar algo novo.

E fica um beijo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011



Quero escrever algo que nem Balão em Tempo de Pipa. Sinto que já já sai. Mas é preciso um cadim de tempo e de poesia. Tô juntando esses dois pra ver se vai. Enquanto isso, como esquenta, vai esse clipe.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

dedo pra cima

é...é...
Dedo pra cima, vontade de falar. Me vendo de fora. ao som de cícero, no tempo da pipa. assim mesmo no diminutivo.
E...
Como se a gente se encontrasse pela primeira vez. "O que você é, enfim? Onde você tem paixão?"
Poderia falar sobre tanta coisa. Sobre o quadro da Zorra Total que, a meu ver, banaliza uma situação séria de abuso sexual e machismo contra mulheres no metro. E aliás, aquele quadro, ridiculariza muita coisa nas mulheres, nos transsexuais, nas classes pobres, em mim. Sim, me ridiculariza.
Mas, não me sinto assim pra escrever sobre isso.
O que sei escrever, ou melhor, o que tento escrever, na maioria das vezes é sobre o que me comove no meu dia a dia. É algo meio meu mesmo...Pode ser o mais besta, mas é minha vida.
Ah! Se dissesse o quanto ela é cheia de coisinhas...
Tinha coisa pra falar, mas agora fico que nem a Mafalda, a se calar, meio que com o dedo levantado por trás das costas.
Agora o sol sai. E vou sair.
"Pode me esquecer, se você quiser."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Vê se pode?! Nem li e já pensei tanta coisa ao ver uma "cópia oculta". Esse é mais um exemplo da ansiedade da web, eu sou uma webansiosa. Moderada, mas sou. Aliás, acho que pior que muita gente, porque tenho uma visão crítica sobre isso e aí a dor de barriga é pior ainda. Devia era ler, ver o que ele quer me mostrar, com o que se identifica. Mas me vem a cópia oculta e o espírito da graça se vai. Melhor seria as coisas escancaradas, claras. "Com esse foi amor, esse tesão, sexo, paixão, amizade, enrolação, amor platônico", do que isso. Isso. Isso é a vida. Tá vendo a confusão que sou? Mas é "beleza" que a gente responde na rua. Devia mesmo é parar com essa inutilidade de escrever aqui. Mas, sinto muito, esse é um alívio da minha vida ansiosa. Eu captei qual a ansiedade que tenho. A mesma dos gregos há séculos, a mesma que Sartre tanto nos disse. Essa coisa estranha de um mundo grande demais pra uma pessoa tão pequena. Tão  (palavras de auto estima baixa). E que sempre vai se sentir assim enquanto existir uma pessoa que se bota fé vendo fotos da miss universo. É besteira. Mas é a verdade. Acho que a incoerência e o mundo perfeito não vão sair da minha vontade. E o problema é que incoerente também sou (vide meu blog) e o mundo perfeito, caralho, do ponto de vista de quem? pra quem?  não existe. E por enquanto é isso. Esse escarro em mim mesma.

Diário

Hoje acordei abafada. Acho que a durmideira sentou no meu peito e achou foi bonito. Tive um sonho escuro. Mistura de morte com luxúria, infância e maternidade. Família e culpa. Enfim, acordei com alívio e angústia. Pode?

Meu estômago fica dando crise. Qualquer sinal de "pode ser" ele revira, surge afta, transpira. Mas eu vou tapeando ele. Finjo não ser comigo, não entender. E aí tento caminhar sem ansiosidade.

Mas com as mil atividades que entro e pareço não sair fica difícil. Agora tenho um bichano preto no meu colo. Talvez seja um sinal de que preciso é de calmar. Respirar.

Vem tanta gente cá. Vai-se mais um tanto. Pra começar, não devia ter começado a escrever nada. Ficado queta. Mas tinha poesia no meu pensar. Foi-se. Outro dia alguém me disse que tenho como viver uma vida linda, que tenho as possibilidades pra isso e o coração grande. É vero, eu sei disso. Mas fico é me agarrando as coisas pequenas (não como uma formiga, mas como um trem que carcumia o coração) da vida. Coisas que no fim, lá no fim, só vão causar é grande desgosto.

E tem coisa boa, ô! Fico vendo as pessoas que já convivi, os lugares que já pisei, os sorrisos que compartilhei. Foram bons! Os de hoje também, ricos. Talvez falta um sorriso novo, talvez meu, ou de algum outro ser, lugar, sentimento, pensamento, música...algo novo a se criar e a me despertar. Sempre vem. Vem e vai.

Coisa cabrunhenta foi o que escreví agora. Sem propósito e sem beleza. Só pra ficar. E pra eu me ir de mim. Sabe? é bom se perder de si. Dá uma surpresa danada!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Bem vindas


Investir é cultivar o amor
Se despir é ativar
Resistir é aturar o amor
Insistir é saturar
Aderir é estar com seu amor
Adorar é superstar
Aplaudir até sentindo dor
É amar
Quem puder viver um grande amor
Verá!

Consentir é educar o amor
Seduzir é cutucar
Amarei é conjugar o amor
Não amei é enxugar
Avançar é conquistar o amor
Amansar é como está
Como estou com muito amor pra dar
Eu dou!
Quem estiver atrás de um grande amor
Achou!

(...latumiando)








Essa poesia é de Uma ANA,amiga de rede social. Gostei. e Agora tá aqui. 'Aplaudir até sentir dor é amar'.
Tenho 15 minutos pra escrever. Sim, escrevo de cabeça, ou melhor de coração. Imediadista que sou. Sou. 
A gente não sabe o que há de verdade na cabeça de outra pessoa, só representações interpretadas. Mas isso já é muito. E é o máximo que se pode ter. As coisas que a outra pessoa já viveu. Só ela sabe. Como você mesma, únicas e sem apresentação.
Tenho o gosto de dizer que amo,latumiando. E que se fodam os fantasmas. Quem está conjugando o verbo presente sou eu.

 Além disso, é o presente. COmo um dia que foi o presente pra ambos. Do arrepio só a gente sabe. Mesmo que se tente dizer para o outro. Como numa etnografia, não se saberá o que ao certo é a fronteira da identidade daquele arrepio. 

Mas o arrepio veio junto com o gozo. E depois disso o apenas amar. Sem complicações universais, nem mesmo uma mola de contestação. Apenas o chão. É como reaprender um vocabulário. Com interjeições próprias e novas. Pra sair de qualquer incomodo que pudesse estar a nos urubuzar. E nesse labutar se aprende. E também se ama com a carne. Com o amor orgástico que tenho. Que descubro sem pudor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Aqui está. Com o seu gato ninhado na coberta. Os estudos ao lado. E as mil possibilidades ao seu redor. E nos ouvidos, música forte, que hoje não fez muito efeito. Queria de uma vez por todas pegar a mala e ver outros sóis. Será que é isso que a deixa nesse perfeccionismo? "Que puxa!" Nem é. Mescla de preguiça e medo. Já que uma vez me disseram que a isso se resume a incapacidade de mudança da humanidade, quando ela é incapaz. Cheia de gente e pouca palavra. Interessante. É o que me resume agora. Talvez. Todos cheios de lutas e eu lutando comigo mesma. Tão besta! E não entendo. talvez seja muita expectativa de si mesma.  Tudo mais limpo e moderno. Eu, antiquada e empoeirada. tudo é tão rápido. Vestir a roupa e partir. algo mudou. E é pra mudar mesmo. A vida gira. Por que se deixa guiar por tantos fantasmas?
Um agora pouco acaba de mandar um beijão e um abração cheio de energia positiva. Por que? Porque estar aqui escrevendo só isso? Como se fosse só. Só isso. Olho o gato de novo.Sono pesado. Fácil. Tudo passa num instante. As palavras tem poder. As minhas nem cheiram. Sinuosas. Poderiam ser salientes, se assim quisesse. Mas, sonho com serpentes. E volto. Talvez umas doses de viola no café com o elemento besta que me disseste. Talvez isso fosse o que eu procurava. E não a rapidez de mais um dia a ser cumprido. Gosto do dia comprido... A se espreguiçar. len-ta-men-te. Acho que merecemos o sol, juntos. E não é querer corresponder a expectativas. São apenas expectativas. Mal cumpridas, mal pensadas, mas que se querem compartilhadas. Talvez.
As palavras tem poder, mas não leve-as a sério. Vai por mim.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mesmo assim ela permanece

Tava vendo um caderno meu. E eis que encontro algo que tinha esquecido, apesar de ter escrito recentemente e ter memória muito boa. Até porque memória está ligada a emoção. E por isso há coisas que nunca vou esquecer. Hoje minha ficha caiu com relação a isso. E, aceitei.
Estou ouvindo Pascuala Ilabaca, cantora de Valparaíso, Chile. E conversando pelo facebook,ou melhor, acabo de ter uma discussão por Facebook. Vê se pode! É que não sou de gostar de que se apiedem de mim. E hoje meu dia tava com outro colorido, dai veio a boa intenção por internet que me desaquietou.
Mas volto a meu caderno encontrado e agora deixo ele aqui, letrado. Mesmo que não seja grande coisa, já é uma brecha grande.

A poesia pede pra sair. "Com licença, com licença."-ela diz. Para isso, os olhos tem que estar abertos. O pulo pode ser forte, e, aí, não tem jeito. Tudo pra poesia tem trejeito. Mãos a postos, peito disposto. Respeite a poesia dentro de si e a deixe viver! Não precisa de muito sofrer. É só reaprender o verbete da infância. Poesia não é exigente na inspiração. Qualquer pedra é um riso, qualquer terra diz que fecundar é preciso!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

É incapaz o que ela é. Incapaz de dar um abraço. De dar um pulo da cama e sorrir. Incapaz de deixar as mágoas irem embora. Incapaz de não magoar. Incapaz de entender o que vem dela. Não se entende. Não se deixa abandonada. se sente só, e acha que além disso não há mais nada. Mas a vida é tão cumprida, que nem uma linguiça de burrinho pedrês. Se sente enchendo linguiça. a vida compartilhada passa a virar silêncio. Parece. Não consegue escrever. Transver em outro mundo. agora com um bichano no colo, e os passarinhos longe, longe. Já viraram borboletas que nunca abandonam seu estômago. Não aprendeu a conviver consigo. Sempre se castrou, se privou do seu perigo. Quando o que a esperava era a tranquilidade. Mas não vê, não sabe, não crê. E ninguém terá o que ela precisa. Ninguém saberá pra onde ela vai. Nem ela. Só não precisa de palavras duras, chantagens e... Ah! Pouca coisa não é. Mal se cabe em pé. Parece que é tudo armação, que é tudo tempo vago. Mas tempo não tem. "Time is money, they say". E o dia começa. Mais um dia. Com fantasmas que não são seus. Com desejos alheios. Com o sorriso partido no rosto e uma vontade de nunca mais voltar. Voltar aqui, voltar lá, voltar a ser. Como nunca mais voltar a se ler. Apenas escrever e tentar compartilhar o que de mais torto existe na destreza de seu protótipo humano. Abandonada. Mais nada.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Feliz feliz!

Coloca nas redes sociais.Está alegre. Já que pra muitos a felicidade não existe. Entende essa discussão. Mas ela existe, momentaneamente, mas existe. Feliz porque vive, respira, caminha, anda de bicleta por ai, sorri, chora, ama e é amada...cai, tropeça e reinicia! Este mês tem sido de superação. Pode ninguém deveras perceber a luzinha que se ascendeu em seu olhar neste mês.Não importa. Porque conseguiu encaminhar seu fogo de dentro pra flores pra fora. Se sentiu florescendo, mesmo que alguns momentos queimasse. "Não é a velocidade da mudança que importa e sim o caminho." Fez do seu ninho um lugar mais quente. Mesmo que seja o seu lado esquentando pra contagiar o ao lado. Porque o outro lado a esquenta, a acaricia e tira dela esse sorriso tranquilo. Esse sorriso de quem diz agora, sem mais chorar: "Eu confio." E que quer ver os outros voarem. Quer te fazer também voar. Como lhe fazes, enxugando e acariciando suas asas. Foi um mês feliz. E outros virão...!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Engraçado como a inspiração vem mais pra mim nas horas de melancolia. Será a poeira que vive a me perseg... na verdade, eu sei, sou eu que persigo essa poeira. Sacudo, lavo, mas ela persiste na maioria dos momentos. Nos outros, existo, alegre. É como uma luta diária pra manter-me seguindo com poeira ou sem, mas seguindo. Reflito sempre se o que eu fiz foi suficiente, em todos os quesitos de minha vida. Se me joguei com poesia, se a transformação foi buscada e alcançada, se amei o que fiz ou quem, se se se....Reflexão presente. Mas procuro outras coisas. Onde exista poesia, sempre a poesia. Quando falta, vejo cortina fechada, telhado branco e uma imensa cama a aconchegar o meu silêncio. Também pode ser uma poesia ultra- romântica. Leveza no viver. Leveza no viver. Pode um elefante voar? "E o Dumbo, fessora?" Naquele mundo com crianças é onde melhor me sinto, ultimamente. E mesmo assim é um mundo tenso, com limites, com olhos. Respirar, exorcizar. Tenho medo de, por fim, te cansar. Ela vencer e te deixar cansado. Ela, eu. "Ela que me faz tão bem. " A mesma que te dilacera a mão e meu coração. Eu. Ufa! Mas no fim, o que importa? O por do sol é laranja. Anuncia o frio do outro dia. Minhas meias hoje são marrons, meu sorriso amarelo, como amarela sou, mesmo trajada com as cores nas quais me escondo e das quais me privo. Mundo negro esse o meu! Mas no fundo, é exagero. É gosto. Sou jovem. Verei outros mundos. Vivo este de agora com a alegria que me permito viver. Sei dos meus defeitos e limites e ainda estou a descobrir até onde posso, se há limite, chegar.
ê diaxo!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Saindo de uma TPM do caramba!

TUDO SE FINGE, PRIMEIRO. O AUTÊNTICO GERMINA, DEPOIS. Tinha lido isso em algum lugar durante a aula da tarde, a única aula assistida de todo o seu dia. Aquela frase fez sentido. Talvez porque fosse de um de seus escritores preferidos, talvez porque fosse de um pensamento antigo seu. Daquela forma em que tudo o que se lê já foi dito e pensado antes pelo leitor. Mas, ainda assim, havia surpresa, havia poesia. Assim começou a aula, com a impressão de mais uma tarde pesada a completar seu dia. Mas se viu brincando como criança e o sol denovo a acariciava. Doce sol de quem se esquecera! Não, o sol jamais se esqueceria dela, mesmo que ela mude de lugar, se esconda ou abra um guarda-chuva. Ela, ao contrário, se esquece. Se esquece pra quando se lembrar, sorrir. Mas não é um exercício, talvez uma deficiência ou umas das condições humanas. Sim, o autêntico germina depois. Pode ser por isso que seu amor mudou tanto. Pode ser por isso que ele também, junto a ela, mudara. O tempo é necessário para dar significado às coisas. Talvez, também por isso ela não (...). E também por isso, (...). Porque primeiro se finge. É uma das condições humanas, talvez faça parte daquelas que ela mais detesta, porque sabe que ela também é assim. As coisas se experimentam numa atuação, depois esboçam um significado e , mais tarde, um julgamento que possivelmente a faça autentica. E sorrí. Aperta os lábios e sorrí.

terça-feira, 8 de março de 2011

O que dizer?

Aqui estou. Como um ponto na existência da vida.Não chego a ser vírgula, nem cosquinhas. Tento mal atentadamente não cair nos mesmo vícios. Mas é como uma armadilha tudo que faço, tudo que sorrio e penso. Caio em mim denovo. Como um tolo.
Passo bons momentos. Sorrio e canto. Mas há sempre uma borboleta lá longe. E talvez nunca a alcance e pra isso ela exista. Pra me lembrar que não posso voar sem ter asas. quaisquer que venham a ser. Não, não,não. Meu coração pede uma lua cheia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mulher sem razão

Como não conhecí essa música antes?
Bela bela bela!
E viva Cazuza! Viva Ney Matogrosso! Viva as reviravoltas da vida e esses homens que podem nos sacudir com amor e realidade!

:)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

Conversa

 Cecília, com olhar apaixonado e triste senta-se ao meio fio, a fitar-se no espelho. Diz, como que olhando pra dentro:
" Que procuras? -Tudo. Que desejas? -Nada. Viajo sozinha com o meu coração. Não ando perdida, mas desencontrada. Levo o meu rumo na minha mão." 
Manoel, ao ver aquela bela mulher sozinha vendo a vida passar, senta-se a seu lado e traquinamente diz a seu ouvido:
_ Pois abra a mão e deixe-o voar! "Livre é quem não tem rumo!" E quero-quero faz  rumo em qualquer lugar!

Os dois abrem aquele sorriso e Manoel, com um tapinha nas costas, diz:
_ Tudo o que não se inventa é falso!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vem sentar-te comigo, Lídia

 Hoje trago no peito uma poesia a mim dada como uma flor. A cheiro, a vejo, a beijo. E reconheço nela minha vida, meu amor. Agradeço e agora repasso. Para que, flor que é, desabroche em outros peitos!


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pra começar o ano.

Pra começar o ano, duas literagens. Uma seguida da outra. Uma foi num dia, a outra num seguinte. O que comprova que meu pensamento e coração são vacilantes. Mas, ah! Que bobeira não se deixar levar pelo sonho!

Desesperança raivosa  (13 de janeiro)
Escrevo à desgraça, ao desespero, ao desequilíbrio e à desilusão mais lúcida. Escrevo aos que sorriem para se lembrar de algo que lhes fazia bem, mas ficou preso em alguma memória feliz, alguma lembrança pura de quem era. Escrevo para aqueles que já se sentiram sem ninguém no mundo que os entenda sem mais querer saber ou torcer a testa como sinal de incompreensão. Coisa rara. Escrevo àqueles que se sabem de cor, que se repetem e que se complicam. Criam cores escuras só por diversão e depois já se esqueceram como colorir, chegaram ao seu limite, de tanto testá-lo. Mas olham pra trás e pensam que nada viveram, que sempre estiveram no esboço de seu viver. E o esboço chegou até ao pescoço. Mas esses aqueles sabem bem que é tudo fruto de si. E por isso a grande desilusão no seu andar. Não se sentem mais fortes, sem a esperança que tanto sentiam.



Hoje, sorrí.    (no dia seguinte)
Hoje, sorrí. E sorrí tranquilamente. Tinha tempos que não era assim. E foi rápido, momentâneo, orgástico. Foi acompanhado com um "Nossa!"e seguido de uma volta à leitura. Conseguí ler o que queria, com o tempo que queria. Livre, de certa forma, das preocupações que se apoderaram de mim nestas últimas semanas.Faço tudo parecer tão pesado, como pode alguém estar comigo por amor? Pensamento pesado novamente. Precisava era de um som de pífano, que nem este que escuto agora. Acho que tô numa fase muito muda para novas pessoas. E quando me pego solta, é uma surpresa. Bom, que ainda existem esses momentos de soltidão, saindo da solidão. Mas tem algo em mim que eu ainda não sei que me incomoda, que me impede ser tranquila. Não sei bem o que é. Não sei mesmo. Sei que é algo confuso. Não me sinto completa com nada, não me sinto mais tocada ou comovida por muitas coisas ou pessoas. Nem pelo meu próprio sofrimento. Fico ciclando-me em ruminações estúpidas. tentando me alienar de mim e tentando sorrir. como hoje, dia que sorrí me esquecendo.


E, pra pelo menos, sacudir um pouco dessa poeira que minha rocha intemperiza, venho admirar a lua no fundo de casa. E dai me lembro. As imagens são o que as palavras não souberam dizer. Algo assim disse Manoel de Barros. Hoje meu coração tá como essa lua.