sábado, 25 de dezembro de 2010

ele!

Só pra constar, achei meu nexo!
Diz que ele foi à Irlanda, depois à Índia....agora tá aqui!
Ainda não o medi, mas pelo visto é bem pequenininho...








O que será que ele come?

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um feliz natal

Hoje, um dia especial, lindo, mara! Um dia pra se passar com paz, união, amor... Presentear aqueles a quem se ama. ah o natal!


sei que é pedante. ainda mais vindo de mim. nos últimos anos o natal tem me irritado profundamente. Fico constrangida. Fico incomodada. Por que entro nessa do bom velhinho? Não sou religiosa. Procuro consumir o menos possível. odeio artificialidades. (fora o blog, facebook ou um bom chat.... ;) ). E todo ano é a mesma coisa. Cedo pela boa comida. Pela confraternização familiar. Pelo bem estar da família. Mas todos sabem que não é aqui que estaria se escolhesse!

O pobre do Jesus não pode nem nascer em paz! Vem comerciante berrar, vem a globo desejar que todos os sonhos do complexo do alemão sejam realizados com um bom cinema ou um video game pro Pedro. E a gente vai deixando o abacaxi pra mais tarde.

Mesmo os de esquerda.... " Não quero Natal quando crescer. _ você já tá grandinha. _na minha família-- você não tá sozinha. --tá, qdo eu morar sozinha."

por que é tão natural? é tão imbecil? é tão chato não gostar de natal? não ver sentido nisso?


pode ser rabugentagem ou infantilidade. é. ou pode ser realmente doente viver dessa forma.

desmedindo o nexo

clic, pararapapra. clic. clic.
tecla por tecla. letra por letra. parece gagueira.
grande esforço pra sair do estado. tão dramático assim?
reféns de imagens. de tuc tuc no fubá. reféns de qualquer coisa que os tire de si ou que os volte a si.
com muita dó, meu senhor.
é aquilo com T. um que empurra outro que estagna.
qualquer palavra que lembre rio, pedra, sapo. as ideias são as mesmas, pelo visto.
o cheiro do rompante. a ilusão da tela branca. quem dera as distâncias fossem vãs! e a quilometragem partice de onde se bem entedesse.
pra onde ir, então?
seria muito óbvio, sério demais. e ontem foi definido assim: "sensível, inteligente. foge do padrão, por algum motivo que desconheço. mas, sim. desejo, atração. além da palavra.erótico, talvez."
mundo está limitado-completa.
é nos vazios, nas lacunas de gente, que mais se completa- adjetiva.
nada é de si. talvez o olho torto, a boca inchada e um esboço do que gostaria.
porque quando começa esse estado, cai que nem vento.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

outra plantinha, pode ser, Padim?

Agora venho pedir plantinha pra tirar dor de morte.
Carece ter gosto bom não, a gente dá um jeito por aqui.
Pior gosto que de morte e arrependimento tem não.
Misturo com um bolim de mandioca pra minha mãe e ela sara dessa coisa ruim. E não faz ela pensar em tudo que podia ser e do mais perto que ela podia estar. Não pode, Padim!
Plantinha pra fazer ela raciociná que a vida a trouxe pra cá. tem jeito não. São os caminhos que ela escolheu pra trilhá. Se ela tivesse conhecido essa plantinha antes não tinha tanta dor no seu olhar!
Tira dor de morte mesmo?
Planta das boa que sempre tá em falta, porque tem sempre gente aos monte a morré...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

plantinha pra...

pra desnoiar!
existe?
tem efeito colateral ou dificuldade no preparo?
pois é dela que tô precisando, Padim...
pra dormir de vez, sem fantasma e dor de barriga.
Sabe de qualé ne? A gente fala que esquece...mas esquece só até a hora de alembrá.
e desse jeitim faz bem não.
então me diz vai...me dá uma frutinha pra desnoiá!
e um beijinho que é pra mode de eu me apaixoná!

domingo, 19 de dezembro de 2010

sabia plantar, sabia colher, gostava de florescer

Essa minha postagem de agora é um grito cerebral de um coração que se reconheceu em Seu Profio e em outros Seus e Donas do quilombo dos Gurutubas da comunidade de Malhada Grande.
"Sabia plantar, sabia colher, gostava de florescer."
Que nem flor de Mandacaru era a força de Seu Profio.
Chegamos vindos de conceitos, de cidade, de universidade. Mesmo que com coração aberto, nossas vivências são diferentes. É preciso reconhecer as diferenças e não tentar se igualar. Apenas florescer juntos.
Daquele rosto marcado pelas linhas da seca, daquelas mãos calejadas pelo colher do pão, sai uma sábia vida, daquele que gosta de experimentar a terra, de brincar com os frutos da chuva. Observa, espera, troca, vai atrás. E dança. Passos miúdos, passos decididos. Sua humilde sabedoria me emocionou.
Me sentí em casa. Claro que uma casa diferente. Não me vejo como aquelas pessoas, mas me vejo com. É possível e urgente a convergência! Não tenho as mãos da roça da manaíba, não tenho a coragem debaixo do sol. Mas tenho meu coração com uma mão semper dada e um querer sempre infantil de mudar o mundo. E é possível!
Aquelas pessoas tem modo de vida que nos ensinam muito. Desde pequenos sabem ouvir o que a mãe terra quer nos dizer e nos grita a cada dia. São grandes ouvidores!
Juntando isso com a sabedoria internateusca teremos uma revolução. É o que vem em minha mente ultimamente.
Mandacaru quando fulora la na seca...
Agradeço poder ter estado em companhia de tão sábia e lutadora gente!

A vida

A vida, tem gente que quer resumir a um não e um sim.
Eu escolho o talvez.
Nessas oito da noite parecendo seis.
Tiro a casquinha do machucado pra ver o sangue correr.
Fico de lado. Não me calo.
A dor existe, insisto. Ela me grita todos os dias.
Mas não a interpreto, é como um berro sem nexo.
Tenho medo do meu desconexo e ficar pra sempre dentro de mim.
É isso o que mais me aflige nas discussões sem fim.
O que vivo só eu sei.
Os passos por onde caminhei.
Fui catando. Fui juntando.
Agora já não sei.
Mesmo tendo certeza de muitas outras antes obscuras coisas.
Mais vale a incerteza na mão que dois sins a voar?
Sei que agora estufo o peito.
Mesmo que na cama passe algumas manhãs velhas.
sei que neste ano me surpreendi.
Amei e fui amada.
E o amor muda a forma que a gente vê tudo.
Me repito nesse tema.
Teorema.
Amar é coisa. Amar é ar. é o olhar.
Andança. cansa.
Mas se chega.
Nada melhor que saber o fruto de um caminhar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Amar não tá pra peixe!

>Bem, aqui coloco um textículo que fiz ha uns meses, talvez em maio de 2009 e por aí vai.
Essa frase do título foi tirada de uma pintura que tava rolando no Cine Arte De...lírios. Eu era frequentadora acídua do delírius. Acontecia, se me lembro bem, semana sim semana não, às sextas-feiras no Porão do Centro de vivência da UFV. Desde setembro de 2008 até mais ou menos maio de 2009. Movimento espontâneo e livre! Que me fez conhecer pessoas diversas, e experimentar outras diversas sensações...!ê-ê!

Ai vai:

Eu não sou. "Amar não tá pra peixe", disse o careta. Eu não sou peixe.

Eu não sou.

Sou do escarro. Como o romântico fajuto. Sou do escarro que nada! Sou da bunda presa. Da cor escondida. Do choro lembrado.

Ó! Eu desavesso o meu avesso que ele não tem contexto algum. E o máximo que sou é "foda", disse o bruto.

Brutos também amam. Tá na cara.

Por que não me impregno de realidade? O que sei eu de realidade!

Nada se faz! Pro nada se anda! E não pode ser tão pós-moderno assim!

cativante! A amizade cativa. Não quero esse ensinamento. Não aplico. aplico em mim: cativa de seres, de pensares...cativa do próprio não cativar.

acho que a vontade de escrever parou naquele ponto. Me lembro bem do sentimento. Era vontade de deixar pra lá o gostar de algúem distante. De se prender nesse querer. Era dessa forma que viví alguns amores. Talvez tenha mudado com relação a isso. Me pintei com um pouqinho mais de realidade. Pra quem sempre flutuou, uma nuvenzinha que de vez em quando chove é muito real. E fico feliz por isso. mesmo que o romantismo não tenha se ido de mim, posso ver as coisas com outros olhos agora. Olhos emprestados-próprios.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A letra do corpo- Babilak Bah


O corpo constelação de sílabas
Alfabeto de carne e sangue
Fonemas de ossos,
distribuídos em símbolos
Metalinguagem da pele
Sob o suor da palavra
Na metáfora dos poros
Parágrafo nos músculos
Morfologia dos cabelos
Hipertexto
Letra falante vírgula nos pés
Aspas no coração sem parêntesis
Um verso metrificado
Semiótica dos ouvidos
de grafismos vesgos
Espinha dorsal do verbo
O corpo dicionário de gestos
Aberto à sonoridade dos olhos
http://www.babilakbah.com.br/

No Psiu Poético  em Outubro deste ano, meio a péquis, requeijões e quilombolas conhecí este poeta. Havia muitos outros livros ali sendo vendidos, a poesia circulante, mas esse por algum motivo me chamou a atenção. A poesia era diferente das outras que ali estavam, mesmo que não tenha me feito um carinho tão grande no coração já era algo.

Nesta manhã de segunda, já sem compromissos acadêmicos, ouvindo Otros Aires (tango eletrônico), meu coração se enche.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nunca haviam se visto daquela maneira. Talvez fosse o embrigar da luz de fim da tarde e a boa conversa. Nunca reparou naquelas mãos suaves que lhe serviam o chá. E ela naquele sorriso jovem.
 Eram duas, às cinco da tarde.

Tinham se conhecido casualmente. Ela de muito longe a cumprimentou junto a seu namorado. Chapéu nos cabelos ruivos. Aperto nos braços, um abraço. Bonita moça!-pensou. De leve, sentiu um ciúmes.
Passaram dias sem se ver. E quando a presença foi comum, a sós, compartilharam lágrimas no filme que sempre a emocionava e hoje entristecia sua mais nova amiga. Desanuviar!

Risadas foram acontecendo. Ficava intrigada com aquela mulher. Ela lhe despertava coisas fantásticas e ao mesmo tempo ruins. De fato, ela a revolvia.

Mas o estranhamento foi passando e as duas passaram a trocar rotinas uma com a outra. Conversavam de seus amores. Riam dos homens que conheciam, aconselhavam-se, sugeriam empregos. Ao longo dos anos, Carmen contou 5 namorados que Felipa teve. Ela mesma havia perdido a conta dos seus.

Carmen era mais velha. Havia se cansado de amar do jeito de sempre. Muitos homens a fizeram chorar. Perdeu-se um pouco de seu caminho. Felipa ainda era jovem. Queria o mundo. O tinha, de fato. Usava toda sua energia para seus amores, suas conquistas, seu dia-a-dia. E não cansava de sua alegria infantil.

Eram cinco da tarde. O frescor do pós-chuva de verão atingia seus lábios, seus seios. Diego havia saído. Manoel chegaria logo. A canela do bolo fazia uma agradável combinação com o chá preto. Ouviram o esganar no quero-quero e se lembraram juntas de um dia de sol na grama, há muitos anos.
Fazia uma manhã e Carmen estava muito triste. Estava dividida entre dois amores. Não poderia escolher, não se permitiria. Felipa então, suavemente lhe tocou a nuca: "Quero-quero faz amor em qualquer parte. Amar também se ama desse jeito. Quero-te bem."

A lembrança girou como a colher na porcelana. E antes que Carmen atendesse a porta para Manoel, Felipa a pegou entre os dedos. Acariciou-lhe os braços.  Sorriram. Nunca se haviam olhado assim. Mas o sentimento viu-se sentido há muito. Carmen virou-se, afagou os cabelos ruivos de Felipa e docemente trouxe seus lábios junto aos dela.

Ali, duas flores desabrocharam para nunca mais murchar.




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Passa-se despercebido. Invisível. Mesmo para aqueles com os quais os momentos foram fluidos ou apenas foram. Não passaram de momentos. E no fim? A sensação do desapercebido. Trocas de gestos, troca de olhares e visões. Trocas de pernas, beijos, desasossegos. Para no fim, somar-se. Chegar aonde se está. Somando todos. Os poucos todos que tive no meu coração. Sem saudades, nem vontades. Apenas foram.

Rouxinol

Tem até parecer de colchão. Voz de travesseiro. E um imenso sono. Esse rouxinol meu.
A passarear lentamente. Feliz pela chuva, contente com o sol. Meu caro rouxinol.
E nele não há previsão nem consolação. É tudo um viver mais que bem viver.
Anima. Animar-se pra não desafinar. Canso do auto- consolo. Canso de me ver no espelho, querendo outra expressão. E por que não esta, afinal? Pra que tanto explicar-se? Não se está só. E por isso o cuidado. O não entregar-se. As pontas já se foram, há muito. Melhor elas que o por inteiro.
Não sei porque, não sei quando, nao sei até quando. Assim estou porque sou. Na verdade precisava de leveza, de um samba, de um bom amigo pra dizer nada com nada.
E sinto a solidão a me pesar. Minhas amizades foram minhas? De há quando? Sempre um não-mostrar-se-evidenciando. E, sim, exagero.
Anima.

"Demediu minha ideia: o ódio- é a gente se lembrar do que não deve-de; amor é a gente querendo achar o que é da gente." Grande Sertão: Veredas.
Por isso perdoo. Perdão de mão-dupla. de mudança.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Há que ser trapo, mas sem perder a veludez jamais!

Aveludar-se. Para o tato amaciar. Para o sorriso formar. Sorriso dado, vivo. Fazer-se tecido. É preciso estar-se sempre veludo! Porquanto que de fino trato,mesmo sendo trapo. Veludo que reveste e investe no mais tosco externo. Veludo por dentro, veludo interno. É preciso estar-se sempre veludo! Mesmo que a desnudo se rasgue o pano com um tratar bichano. Veludo vinho, veludo carmim.
(escrito no caderno velha na nova manhã de hoje)
Essa pintura, de Modigliani, além de muito bela me lembra veludo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pequenesas à parte

Será que realmente fico insistindo em carregar todo o peso às costas? Que exagero tudo?

Tô achando que sim!


"Cê podia ser mais leve, Ciça!" Me diz assim o Daniel, nesse assim com Ciça. É verdade, eu sei que é.
ê laia! Eu mesma já cansei de mim. E ai? resta escrachar!

Vai ai um textinho egocêntrico feito em Julho:

Pequena sou. Diminuta. Olho de formiga, por mais grandificador que seja, não me nota. Mas tome nota: sou capaz de grandezas quando saio de minha pele. Queria estar fora dela o tempo todo. MAs ela depende de peles alheias, dos susurros, dos sorrisos. Não queria que eles me grandificassem ou anulassem. Mas aí sou. Poderia voar num pífano. Não haveria problema algum. Um dia me encontraria numa pedra, outro numa folha. Não seria alheia à vida, seria a própria. Na verdade,sou. Sou toda ela! Realmente serei feita só de sonhos? Parei em algum beco qualquer e ai fiquei engarrafada, objeto raro, pra ser friamente amado, ou futuramente? MAs sou carne. Minha carne se alimenta, devora, intensamente tudo que é detalhe de vida, gestos, lembranças, amores pequenos,delicados. Mereço o pequenamente construído com a grandeza de um intenso amor! Não, não quero menos que isso. Menos que isso já tive, não aceito mais migalhas. Não as dou, de mim só esperes migalhas quando de fato não me sinta amável por ti. Só assim terás migalhas. Porque sou feita da fartura, do mel, do cheiro doce e amargo de todas as flores, da terra pisada por todos os seres, amassada, massacrada. Sou feita dos uivos, das metamorfoses ferozes de todo o dia, a cada dia, por todos os seres. Sou eu. Mesmo que com essa fantasia chamada de pele, mesmo que subjugada a uma existência humana, sou eu. Vida,ciclo, início, continuidade e um não-fim eterno. Porque nada acaba, tudo toma consistência distinta quando distinto for o ser. Assim é o amor, assim o ódio, o nojo, a compaixão, indignação e a revolução. Todos feitos pra todos os seres, emprestados.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O pé


Pesar. Pensar. Peesar.

Não. Não deu pra traduzir. Talvez com o vídeo e a música se entenda melhor.



Fica ai a música "O pé" de Karina Buhr, vocalista da Cumade Fulozinha.

Impessoal.
"Bom dia, tchau."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Quero-quero

(quem dera eu tivesse escrito isso. Mas copio. Li em algum lugar uma certa vez que os escritores que gostamos apenas tomam emprestado o que queríamos ter escrito. Pensamento aconchegante por demais esse! um dia tomo coragem e escrevo o que de fato tenho pra escrever e que fica num caderno vermelho e velho na gaveta.)

O QUERO-QUERO

Natureza será que preparou o quero-quero para o mister de avisar? No meio-dia, se você estiver fazendo sesta completa, ele interrompe. Se está o vaqueiro armando laço por perto, em lugar despróprio, ele bronca. Se está o menino caçando inseto no brejo, ele grita naquele som arranhado que tem parte com arara. Defendendo-se como touro. E faz denúncias como um senador romano.

Quero-quero tem uma vida obedecida, contudo. Ele cumpre Jesus. Cada dia com sua tarefa. Tempo de comer é tempo de comer. tempo de criar, de criar.

É pássaro mais de amar que de trabalhar.

De forma que não sobra ócio ao quero-quero para arrumar o ninho. Que faz em beira de estrada, em parcas depressões de terreno, e mesmo aproveitando sulcos deixados por casco de animal.

Gosta de aproveitar os sulcos da natureza e da vida. Assim, nesses recalques, se estabelece o quero-quero, já de oveira plena, depois de amar pelos brejos perdida e avoadamente.

E porque muito amou se ganhou de amar desperdiçadamente, seu lar não construiu. E vai conceber no chão limpo. No limpo das campinas. Num pedaço de trampa enluaçada. Ou num aguaçal de estrelas.

Em tempo de namoro quero-quero é boêmio. Não aprecia galho de árvore para o idílio. Só conversa no chão. No chão e no largo. Qualquer depressãozinha é cama. Nem varre o lugar para o amor. Faz que nem boliviana. Que se jogue a cama na rua na hora do prazer, para que todos vejam e participem. Pra que todos escutem.

Não usa o silêncio como arte.

Quero-quero no amor ém desbocado. Passarinho de intimidades descobertas. Tem uma filosofia nua, de vida muito desabotada e livre.

Depois de achado o ninho e posto os ovos porém, vira um guerreiro o quero-quero. Se escuta passo de gente se espeta em guarda. Tem parenteza com sentinela. Investe de esporão sobre os passantes. E avisa os semoventes de redores.

Disse que pula bala. Sei que ninguém o desfolha. Tem misca de carrapato em sua carne exígua. Debaixo da asa guarda esse ocarino redoleiro pra de-comer dos filhotes.

De olhos ardidos, as finas botas vermelhas, não pode ver ninguém perto do inho, que se arrepia e enfeza como um ferrabrás.

Passarinho de topete na nuca, esse!

Manoel de Barros

(quero-quero é quem quero-querer.)

João hoje me disse, em conversa de RU, que céu de Montes Claros é grande. Isso porque mata seca de lá é de árvore miúda. Dai o céu fica majestoso. E o ser fica ,de tão grande, SER-TÃO!

Palavras bonitas de um menino tão bonito como João. De pele morena e olhos vivos negros. Cabelos de cachos negros. Seu rosto é como o céu do Norte: Cabelos negros ,olhos estrelados, sorriso luando...

sábado, 16 de outubro de 2010

"Há males que vem pra bem"

Alguém me diga como se perdoa. Ou melhor, o que se perdoa.
Alguém me diga o que é traição. Ou melhor, o que não é traição.
Alguém me diga o que é ilusão. Aliás, o que não é ilusão?

Sinto vontade de compartilhar aqui uma história que me está acontecendo. Mas  não me sinto confortável com ela. Queria que ela nunca tivesse nascido. Abortada deveria ter sido. Mas ela existe e eu tenho que lidar com ela.

Seria comum pensar que temos que passar por maus momentos para aprender...aprender....aprender...o que?

Na minha passagem por Montes Claros visitei minha grande amiga Ju. E sobre essas "provações" da vida estivemos a conversar. Ambas temos passado, a sua maneira, por maus bocados. Ou bons. Mas ela me questionou algo, ou deixou em mim a questão.
Será que temos mesmo que passar por maus momentos para crescer?

...

Eu tenho me repetido por um tipo de mau momento nesses últimos meses que é o ciúmes e a insegurança. Ambos tem que ser tratados na sua origem. Mas eu não sei qual é essa dita cuja. E lá vem mais um momento de ciúmes! Mas não tenho aprendido, e ele vem se repetindo junto a outros sentimentos como desconfiança e dúvida. Se não tenho aprendido, esses momentos não estão sendo assimilados ou na real eles não tem nada a me ensinar. Ou não tem nada a ensinar pelas vias que foram sendo refletidos e discutidos, pela maneira que foram sendo digeridos.

Algumas coisas tenho aprendido. Coisas que são do mundo de gente grande. Mundo feio! E por isso tenho medo de endurecer com esse aprendizado. Dai vem meu questionamento. Temos mesmo que passar por esses maus momentos para aprender algo? Tenho visto que não. Para se aprender de fato, eles devem ficar o mais claros possíveis. Como numa digestão: divididos em menores partes, absorvidas, aproveitados e rejeitados. Sendo dessa forma vividos os maus momentos não precisam se repetir para que entendamos o recado. E se eles estão se repetindo é porque você mesma está se fazendo mal em continuar insistindo em que deve aprender.

Deve?

Essa história não é só de ciúmes, como já disse. É sobretudo de amizade, de cumplicidade, de entendimento entre as pessoas. Algo não está em sintonia entre as pessoas quando uma acha que a outra compreendeu quando de fato não. E dessa forma nenhuma tem culpa, ou ambas são culpadas. O bonito é que quando estamos realmente dispostos mudamos as tramas da história. Podemos fazê-lo se quisermos. Na verdade, ai sim assimilarei melhor tudo e aprenderei. E não enfrentando pancadas na cara. Isso já não me ensina sobre isso, nem sobre o amor. É possível com ternura abraçar essas feridas e construir outra relação. Eu quero. Só não sei até que ponto continuarei endurecendo e não me permitirei o perdão. Endurecer me dói. Não era isso que eu queria ter aprendido. Mas foi isso que me ensinaste.

Foi um grande desabafo essa postagem. Um grande desabafo!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cais

Cais Milton Nascimento
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de encontrar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar


http://www.vagalume.com.br/milton-nascimento/cais.html#ixzz129UgFesJ





Olás-olás!
Como vão? Num vão estar?
Volto de Montes Claros, volto de uma convivência intensa de equipe, mas que não necessita de nada mais do que uma convivência intensa entre equipe. Vi novas montanhas, ou na verdade, não as vi. Ouvi o povo, sua realidade. Me senti do povo, ou nem tanto, exagero. Me senti foi um "Zé Mané" perto do povo. Mas ao mesmo tempo podendo contribuir a minha maneira, minha sincera maneira, o mais importante. Clara e de peito aberto.


Volto.


A gente se dá mesmo. Isso não tem problema algum. É coisa bonita, é coisa vivida. Mas dar pra quem? O que se recebe de volta além de silêncio e insegurança? Pra se ser nuvem, mesmo nuvem junta, deve-se voar...deve-se aguar em qualquer sertão..."Deixar o coração bater sem medo.." O meu coração é forte. O meu coração tem pra si algumas coisas claras. Mas, pobre, ainda não sabe se virar só. Não o quer. E por isso o cais do Milton Nascimento. " Para quem quer me seguir, eu quero mais!". Eu quero mais! Como deve ser numa relação de verdade, dos dois lados, sem pesar nem um nem outro. 
Serei boba demais? Darei muito minha cara a tapa, meu coração ao vento? Quando de fato descansarei? Quando terei confiança nessa humanidade? Erguer as mãos, sem medo de cair? Acho que nunca. Mas se tenta. E tentar não me deixa cair no desânimo nem no arrependimento. Que triste uma vida sem riscos! Mesmo que rabiscos!
Há coisas que aprecio nessa vida e ninguem me fará olhá-las de modo diferente. Acho que amo demais o ser humano, senão já o teria abandonado, me abandonado. Ainda devo ter minha Aninha criança muito forte em mim pra não deixar cair as pontas. Me orgulho de mim. Não ajo de má fé, não procuro machucar ninguem, por isso minhas ações buscam ser sinceras comigo e com os demais. Mesmo que pra uns isso seja apego demais, mas foda-se! Sou assim, de outra maneira não serei eu. Há coisas que preso demais nessa vida. Uma delas é poder ser abrigo, ombro amigo para auqele amigo que possa precisar. Isso sempre fui. Isso me falta. Um amigo que deixe seus egoísmos de lado e me viva, um pouquinho que seja. Mas amizade nem amor, não se exigem. E vagando vou. Sem problema algum. Sabendo que terei a mim mesma sempre. Com minha força e com meu desequilíbrio bêbado. Não preciso de mais ninguem. 
Preso o sorriso de minha mãe. Mãe...minha pequenina mãe. seu sorriso já tão pouco sincero, tão pouco dado. Mas não quero alimentar culpa alguma. Apenas a amo.
Preso meus amigos. Minhas doces pérolas, flores, perdidas por esse mundão. Em tantos cantos! Sabendo que o que o compartilhamos por momentos foi vivido e sincero. Isso não se apaga.
Preso todos os seres, independentes de quem forem, do quão toscos forem. Pois sou bióloga de nascência,não de excremência acadêmica. É algo que não se insere, não se aprende nem ensina.É algo que arrepia o corpo com a mais leve cor. 
Sou infantil, ingênua demais pra esse mundo. Onde haverá alguem pra compartilhar comigo essa ingenuidade? Por que talvez sozinha eu já não possa mais!
Assim sou. 
O meu eu se entrega. Mas também sabe se retirar. 
Minha cabeça gira. As lágrimas secam. "Com sabor de vidro e corte."
Não quero endurecer. Quero ainda a Aninha a cantarolar, solta, bonita, colorida. Nada a matará. Nada. Ela é mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

reviravolta

meia volta volver: mudar foi tudo que pude!
se fechar bem os olhinhos pra prestar atenção no que está rolando na minha vida, eu nem acredito.
Tô trabalhando num projeto que eu reconheço seu significado, importância e poesia.
Tô de mala e cuia quase prontas pra partir de casa e ir morar com mais cinco meninos, entre eles, meu amor.
É coisa doida. Coisa que tem que rolar com calmaria. E foi rolando até chegar neste hoje.
sem mais, uma pausa. e um abraço!

[um dia vai ser] (Paulo Leminski)

pelos caminhos que ando
 um dia vai ser
   só não sei quando

talvez o quando seja agora. sem muita vigília, ele sempre o é.

sábado, 2 de outubro de 2010

A sinestesia de Recife










Hoje encerro minhas falâncias sobre aquela terra quente onde passei alguns meses de minha vida. É certo que não fiz muitas amizades por lá. Talvez uma amizade de fato. Uma pena, pois delas precisei bastante em certos momentos. Mas soube tirar sorrisos de minha estadia. Quando do chá de canela na padaria do bairro, sempre as cinco da tarde, por exemplo. Pequenas coisas que me faziam admirar a vida. Sinestesia pura é passar por Recife. Sentir seu cheiro difícil de se acostumar, ver suas cores, sua quente gente, seu rebolar. Uma coisa que me chamou a atenção, e que sempre me chama nas cidades pelas quais passo, é a arte na parede. A relação que a cidade tem com a arte, com o visual. Há vários graffites interessantes em Recife. Aqui deixo alguns.Pra alegrar os olhos!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Buscar e manter o equilíbrio entre a Neofilia e a Neofobia-2

Casarões no Pátio São Pedro
 Singular, Tão Singular

Ó passar-se invisível pela alma da alameda de casas espaçosas
Imaginando a feição ideal dentro de cada uma!

Ir recebendo um pouco de poesia no peito
Sem lembranças do mundo, sem começo...
Chegar ao fim sem saber que passou
Tranquilo como as casas,
Cheio de aroma como os jardins.
Desaparecer.
Não contar nada a ninguém.
Não tentar um poema.
Nem olhar o nome na placa.

Esquecer.
Invisível, deixar apenas que a emoção perdure
Fique na nossa vida fresca e incompreensível
Um mistério suave alisando para sempre o coração.
Singular, tão singular...

Manoel de Barros






Casarões no Recife Antigo
 Passar pelas ruas de Recife, passeando ou não, tinha sua singularidade. Todas as ruas do centro eram mercados e todo dia era para mercantilizar. Fruta,peixe,siri,sombrinha,eletrônicos,cds, amolador de facas,calcinha... A vida era cheia de ser humano! Com todos seus ângulos e edros. Mas lá deixava-se também a ermo: " Esquecer. Não contar nada a ninguém. Não tentar um poema." Não me acostumei com essas ruas e suas direções, bifurcações, becos. Como já disse antes, sempre me perdia. E talvez de propósito. Por que não? Recife de casarões velhos coloridos com famílias de ratos enormes a enriquecer nossas tardes. Recife de gritos, de algazarra, de balbúrdia. Não há como passar por suas ruas e sair ileso. Algo fica, algo vai.


Ruas do Bairro Boa Vista- Centro
Eu, particularmente, tenho uma queda por cidades e centros antigos. Adoro casarões, adoro o velho convivendo com o novo. Tempos que se encontram e namoram. E Recife tem um centro antigo bastante grande, com conexões feitas por várias pontes sobre o grande rio Capibaribe.
Sensações únicas: misto de poesia com caos urbano.

















Pra procurar sentir um pouco mais do que tentei dizer aqui, deixo um vídeo do recifence Chico Science, "Rios pontes e overdrives". Nessa canção são citados vários bairros, inclusive alguns que conheci e viví. 


Rios Pontes E Overdrives

Nação Zumbi

Composição: Chico Science / Fred 04
Porque no rio tem pato comendo lama?
Porque no rio tem pato comendo lama?
Porque no rio tem pato comendo lama?

Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo
E o molambo já voou, caiu lá no calçamento bem no sol do meio-dia
O carro passou por cima e o molambo ficou lá

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

É macaxeira, Imbiribeira, Bom pastor, é o Ibura, Ipseb, Torreão,Casa Amarela
Boa Viagem, Genipapo, Bonifácio, Santo Amaro, Madalena, BoaVista, Dois Irmãos
É Cais do porto, é Caxangá, é Brasilit, Beberibe,CDU, Capibaribe, é o Centrão
Eu falei!

Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo
E o molambo já voou, caiu lá no calçamento bem no sol do meio-dia
O carro passou por cima e o molambo ficou lá

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Molambo boa peça de pano pra se costurar mentira
Molambo boa peça de pano pra se costurar miséria
Molambo boa peça de pano pra se costurar mentira, mentira, mentira
Molambo boa peça de pano pra se costurar miséria, miséria, miséria

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Mangroove!

sábado, 25 de setembro de 2010

Buscar e manter o equilíbrio entre a Neofilia e a Neofobia- 1

 Essas duas fotos são do "Marco Zero". Lugar onde começa-se a contar a quilometragem das estradas, agora não sei com certeza se são as estradas de Pernambuco ou do Brasil, em geral. Ao fundo da primeira foto está a "Pica do Brennand" (ui!), escultor de ascendência holandesa e com muita influência em Recife.
Esses prédios, no centro de Recife(Recife antigo) chamam bastante atenção, principalmente por serem prédios de esquina e bem majestosos. Fico pensando como teria sido Recife Antigo séculos atrás. Quando o movimento comercial era maior e tal. Uma vez, numa semana de meio ambiente da Geografia lá da UFPE, um palestrante, muito bom por sinal, nos disse que ali era realmente o pólo de recife. Hoje em dia é pouco movimentado, no sentido comercial, eu digo. Ah! o marco zero fica no Porto de Recife. E a maior movimentação que ocorre aí é a cultural. Na primeira semana de Hellcife fui com minhas companheiras de casa, Júnia e Bruna, ambas mineiras e também biólogas pra um show da Elba Ramalho lá no Marco Zero, do qual participaram muitos artistas, como Lenine, Chico César...e muitos outros. Lembro desse dia! marcamos com Onirê de nos encontrarmos na Rua da Moeda, ali perto, mas a gente não conehcia nada. Onirê lá não estava e fomos curtir o show. Depois do show, uma da manhã, nos encontramos com ele e outros amigos, como o Basílio, que nunca mais vi. Menino poeta, muito interessante. Proseamos bastante. Fomos pro ponto de ônibus: lotado tudo! Foi a primeira vez que pegamos o Bacurau. ônibus depois da meia noite de Hellcife, fazendo menção a um pássaro noturno. Que belo isso! recife é poesia pura! E eu naqueles dias a captava profundamente. Voltamos pra Pensão Pouso Suave, na qual ficamos cerca de um mês, chegamos lá pelas seis da manhã, debaixo de uma bela lua minguante! Recife nos recebia bem....mas passamos depois dessa semana pra frente, muitos muitos muitos perrengues! Foi uma experiência sem igual na minha vida!

Ainda com influência da palestra sobre imagem e identidade cultural, comento o título: equilíbrio entre a Neofilia e Neofobia. O ser humano tem uma afinidade, uma busca grande pelo novo. Que dirá o ser humano geminiano! (Gêmeos não é só a pessoa bipolar, meus caros! :P ) Mas a neofobia, o medo do que é desconhecido, também é importante no nosso desenvolvimento pessoal e como espécie. É uma proteção. Ambos moldam nosso crescimento. O interessante é buscar um equilíbrio de ambos.

Bem, este foi o primeiro exercício de signifcado de Recife. Virão outros.

Comento agora, que estou muito empolgada! Consegui uma bolsa num projeto de Etnobiologia, muito interessante. Acho que posso agora me definir mais, me perder menos. Alegria e positividades! A primavera começou bem!

Mando um beijo pros passarinhos de domingo do bairro do Daniel. No Santa Tereza ainda tem passarinho? Brincadeira! BH também é uma cidade bela! Ainda com verde! E talvez o Clube da esquina tenha ouvido bastante cantarolar destes pequenos belos seres!

Fica ai a fotinha de um Bacurau! :)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Primavera chegou! E?

No intervalo entre o início de escrever sobre Recife e uma foto de la, resolví colocar uma charge da pequena Mafalda sobre essa nova estação. "A primavera é o que mais tem de publicitário a natureza"-ela diz.
Flores e poesia! É o que quero pra essa primavera! ;)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ponto na vista

Hoje, numa palestra sobre Fotografia e Identidade Cultural um click foi dado em minha mente: escrever sobre minhas fotos, as identidades por mim captadas, criadas, ou a fotografia reconhecida pela identidade existente.
Penso nos últimos meses-anos de minha vida e vejo a quantidade de lugares que passei. Foram muitos! Mas o que será que deles foi ficando em mim?
Espírito Santo, Belém do Pará, Ecuador, Londrina, Perú, Bolívia, Argentina, Chile, Paraguai, São Vicente, São José dos Campos, Caruaru, Recife, Olinda, Garanhuns... São Geraldo, Araponga,Vale do Capão e mais muitas outras viagens!
A lente capta um pequeno tracejar no espaço. Mas o que será que fui captando nesses lugares? O que me disseram?
Inauguro esse exercício de significado agora. Até pra ter algo mais interessante além de minhas crises existenciais desconexas. Pelo menos agora elas terão paisagem diferente. "O nosso olhar sobre as pessoas as muda. Tudo é questão do seu ponto NA vista." O mesmo com os lugares.  

E pra começar, um olhar sobre Recife. Ou melhor o olhar de Recife sobre mim.

Lá viví durante quatro meses e pouco de minha vida. Primeira experiência de eu com meus gostos, qualidades e defeitos escancarados numa convivência comigo mesma e com outras pessoas mais intensamente. Acho que foi o início de um processo de auto conhecimento muito forte. Algo ainda aberto. Lá me deparei com uma relação amorosa a distância e outras por lá acontecendo (uma forma de amor). Algo que me revolveu a cabeça e que acabou por me acordar pra outras coisas. Coisas estas que estão aguardando solo fértil pra enfim desabrochar. Mas que me deu uma certa tranquilidade no ver a vida. O lugar realmente pode falar de amor.Aliás, Recife respira libido...

O domingo no Recife antigo me ensinou lições de independência. Algo que também estou sintonizando aos poucos. Era no domingo, com o buzú CDU-Várzea a um conto que se encontrava a alegria em bolinhas de sabão. Ah! É desses domingos que sinto falta tamanha! Na rua do Bom Jesus artesãos montavam suas barraquinhas e charmosas e o comércio rolava solto! Coisas lindas, nem tão baratas assim, mas únicas! Andando naquele corredor iluminado chegava-se na praça do Arsenal: "Alimento pra almaaaaaa!" nos recebia o artista do caleidoscópio. Entre a loucura e a sanidade não há limites definidos: um triz.  Naquele xafariz de luz se escutava a música suave do palquinho...ou as vezes nem tão suave, quando o bar de metal sobrepunha sua música. E o bar do Mamulengo com seu teatro de bonecos nem tão engraçado, mas bonito de se ver. Logo ali perto do bar do Leite Maltato e do Cine Teatro Apolo.

São tantas as ruazinhas. Becos iguais. Eu me perdia sempre. Mas era lá onde mais eu me achava.
 É difícil passar o que se sentiu num lugar. Aquelas pontes sobre o rio Capibaribe, já sujo, mas ainda apresentando resistência dos que dele sobrevivem. Mesmo que essa resistência seja algo imposto, sem opção. Há vida ainda lá! No homem caranguejo.

Recife e suas chuvas intermináveis durante alguns dias. Recife do sol quente as oito da matina. Da Tapioca da Luana, bem gordinha, das boa. Luana, trabalhadeira com o filho tocador de sanfona aos seis anos de idade: espuleta!


Hellcife com seu Pátio São Pedro-Sonoro. Com shows inesquecíveis. hellcife com seu cine São Luis, enorme, magestoso, belo.
Acho que Recife não pode ser descrito apenas com essas palavras. Vou dividir minhas percepções. Algumas fotos me ajudarão. Mas de uma vez não rola. Por agora fico apenas com a sensação de independência e de novidade que lá pude provar.

domingo, 19 de setembro de 2010

A semana se inicia num domingo. Particularmente, eu gosto de domingo. É um dia prolongado, com cara de chuva, filme, tédio, vazio. E justamente por ter essa "cara", posso fazer qualquer coisa com meu domingo. Este, por exemplo, o planejei e até agora o estou executando com tamanha rotina, que até me orgulhei de mim mesma. Orgulho sim, afinal, nos últimos anos o que menos tenho tido é uma religiosidade com minha rotina. Coisa que também me orgulho, porque, odeio rotinas. Mas não o faço porque meu espírito anda vacilante, preguiçoso, hoje menos boemio, mas já o foi em demasiado. E eu nada concluía. Hoje não. Hoje me organizei. Planejei minhas aulas de espanhol, fiz minha parte no trabalho de Educação, e até blogando estou.

Minha agenda pra semana está totalmente preenchida. De propósito. Para que eu não fuja. Para que minha mente não escape pro pensamento obcessivo. Quero aprender com esta semana. E nada melhor do que experimentar um pouco de Workaholic. Um pouco apenas.

A semana que se passou foi escrota. Foi bem ruim. Cansativa pra mente e pro corpo. Chorei bastante. E o tempo passa.
Agora chega. Agora aprendo. Me aplico.

Sim. O sangue veio forte denovo. Só depois daquela vez é que veio assim em tão vermelho. Será um sinal de mim pra mim mesma? Tomarei um papel tranquilo, agora. Não procuro. Não penso. Se rolar, rolou. Assim. Com a simplicidade das coisas. Pra não adoecer o amor. Porque amo. do meu jeito de amar. Mesmo que desgostoso. Mas é. E a capacidade de mudar está em todos.

assim.
ê postagem cabrunhenta!

sábado, 18 de setembro de 2010

Demode

Fora de moda? Acho que Legião Urbana não está fora de moda. Sempre é revista, revivida pelos fãs.
Lembro das primeiras vezes que ouvi a banda. Devia ter uns 10 anos. Minha vizinha, em Mariana, ouvia todos os dias pelo menos umas duas vezes ao dia a "Geração Coca-Cola". Isso provocou uma repulsa tão grande em mim, que eu só poderia voltar a ouvir Legião anos pra frente, já com 17 anos e por influência de dois grandes amigos. Os amigos se foram, a menina mudou. Mas algumas músicas sempre ficaram guardadas. E sempre que o momento pede, não há nada melhor do que aquela velha voz e aqueles "três acordes".
E tenho minhas canções preferidas. Principalmente dos dois primeiros álbuns. Coloco aqui um vídeo do grupo tocando uma dessas minhas preferidas: "Soldados". Lembrei dela acampando no Pico do Boné, no último feriado, numa noite com muito vinho e "fumaça".

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Então...

E então fica combinado assim.
Hoje a bebida é suco de maracujá. E comida um Pit Stop, pra aumentar a variedade dos biscoitos que se come.
Acalmar. Era isso que devia ter feito desde sempre.
Já viste o filme "A ilha do medo"? Nova mostra no cine mocado: Encarcerados. E as cárceres são muitas. As prisões da mente, do nosso pensamento ruminante. Tá, talvez realmente não seja só a TPM. Talvez não seja só o amor. Há traumas. Há? Mas o filme trata disso, como se dizia. A mente humana é brilhante! Nos protegemos de várias formas. O não-sofrer é uma deles, assim como a dor. O criar algo para lá construir seu castelo também é uma bem eficiente. Até porque, afinal, os castelos são muitos, e talvez tudo não passe de um faz de conta. Quem pode provar o contrário, quem pode provar o faz de conta? (dar de ombros!)

Por que encenamos tanto? Foi a pergunta feita durante a aula, junto com o rabisco de desenho grafite. Me deparei com isso já pequena, na dissimulação de algumas pessoas grandes. Hoje vejo isto na nossa apresentação de seminários, por exemplo. É aquele momento em que aparentamos estar seguros de nossas falas frente ao professor, aos colegas, e seguros com relação ao tempo. Formalidades. Encenam-se as palmas, os olhares, as posturas. 

Estamos tão treinados a isso. Nas nossas relações. No nosso "Bom dia". No nosso beijo enamorado. Quando não é encenar? E por que? Pra que? Pra quem?

"A vida é um grande palco iluminado..."

Que papel escolher? A que roupa aderir? Que fala ensaiar?
Acostumados.

É como um feromônio comportamental solto pelo ar. Pra mim, muitas vezes um veneno. Massificador, padronizante, estereotipado.

Por isso, quem sabe, não me incomode tanto não me encaixar em certos grupos, por sempre me questionar. "Eu não vou por aí..."  Mesmo sabendo que insatisfação em demasia não caminha pra frente, acaba por estagnar. Porém é nesse meio caminho que se amadurece, que se revoluciona.

Formiguinha não quero ser. E tenho a certeza, ao menos esta, de que nunca o serei.
(E o relógio mostra 11:11. Portal de não sei o que lá também vai me levar.! haha. Já diria o Otto.)

É isso.  (o maracujá do campo!)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A-L-E-C-R-I-M

São dez da noite. Ouve a novela irritantemente cega pela porta de seu quarto. Olha pros seus dedos escorregadiços ao teclado desse disparate tecnológico. Ao lado,na mesa, copo de vidro. Chá de alecrim. "Alecrim será o nome do meu filho, do meu menino" Alecrim.
Começou o dia ao lado do companheiro. Um pouco mudos. Um pouco estranha. E foi pra seu compromisso. Espera. Mediocridade logo pela manhã: sala vazia. Professor levando no bolso e no sorriso a ironia. Pois ela escancara em si o descrédito à ironia, ela a verbaliza, escancara. "Eu discordo de você." Seria tão mais além se verbalizasse suas vontades, construtivas, destrutivas. O sol antes da sala fez carinho em sua meia calça, pernas marrons. Calor!
Acabou. Suspiro.
A tarde passa. O sol caminha. Seus passos são sentidos. Seus olhos, delírios.
Noite. Já? As vozes viram desenhos. As vozes doem em seus ouvidos. Estridentes. Cansativas. Seus ouvidos são misântropos nestes tempos de Ana. Passa. "Tudo acaba."
Ela não consegue desabrochar com ele porque   com ele vai profundamente. Como nunca. Vai lá nos mais escuros de seu ser. Nem tão escuro assim, é verdade. Só precisando de um poquinho mais de....de que? Pra tirar todo esse pensamento padronizado. Ela não quer ser padrão. Seus atos não querem o esperado e quando assim se vê, a tristeza cai.
Alecrim é alegria. Pra isso fez seu chá da noite. Pensou que talvez fosse melhor tomá-lo no início do dia. Pensou que melhor seria dormir logo, começar outro sol, pegar sua bicicleta e sorrir.
Sorriso na horizontal, na vertical. Não importa.
Tem gente que não gosta de comer a última bolacha do pacote, sem porquê. Outros não gostam de pensar nela. Ela pensa, ela gosta da última gota. Ela tem os olhos disfarçados na água. Todo rosto tem uma máscara. Todo sentimento tem um disfarce. Nem todos. Ela quer o rosto, ela quer o disfarce. E de tanto querer...
...
Alecrim é mesmo um nome alegre!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

E assim

E assim foi feito o dia. Espreguiçar-se entre as nuvens. Aquecer. Fazer voar tudo que tem asas. Fazer brilhar tudo que é verde. E o rio seguir como sempre. Rio tem fim? E essa melancolia em mim? Acordar. Mexer os olhos. Sorrir. Olho. Passos pra se dar. Pra onde? Pra que? Dia pela frente. "Bom dia!" E o vento queimando o rosto em mais uma jornada até seu compromisso irreal. Até quando fazê-lo nesse tom? Passa entre fumaças, passa entre pressas, passa, passa, passa. Pára. Caminha. Carrega no seu estômago muita coisa inconspícua. E ri da palavra. Palavra besta. Botada na cabeça. E ri de si. Como gosta das palavras! Como gosta do ser humano! Sendo. Abraço. "Bom dia!" "Tenha um Bom dia!" Urgência de ser toda. Urgência no voo. E tudo o que tem asas é feito pro vento. Por que você não está lá? Olhe-se! Lá vais...Montanhas, nos topos, vilarejos, cachoeiras...mão leve sobre as pedras. Mediocridade. É assim definida por você a vida humana. A minha vida. Sei que podes mais, me dizes. Te digo. "Posso muito." Mediocridade. Hora do almoço, passa a lista. Tudo vai para o nada. E ali, naquele instante do não-dizer que se foi a sua grandeosidade. E voltas cabisbaixa, mão no quente de tua calça. Assim caminhas. Mesmo com vida a teu lado. Mesmo com muita vida. Te sentes feia. Te deslocas. Mas voltas a colorir-te, voltas a sonhar-te amando. E tudo o mais fica na caixinha. Olhos de Mateus. "Tô arrasado!" "Importante é não desanimar." Importante mesmo é viver. E respiras. Sustentas o abdôme. Cada ser tem sonhos e problemas a sua maneira. Nem um mais grandeoso ou tenebroso que o outro. Cada um no seu contexto, mas todos na mesma época, no mesmo mundo, que não é acabado, não é dado. É construído por esses mesmos sonhos e problemas. Modo simples.Máquina de escrever soa. E o frio veio dizendo: " Não me fui!" A lua surge num leve traço: " Volto!" E os ciclos estão aí. E o tempo vem e vai. E por dentro tudo remói. Por fora tudo rui. E será tudo assim, ou sempre tem algo mais? Logo vem mais uma luz a brincar na tua janela. Bem o sabes. Pacientemente te exercitas. Exercitas teu sentimento, tua percepção, teu ponto de vista. Como uma flor. Com esperança, por que não? Termina mais um dia. Olhos fechados. Respiração.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A dizer!

Dizer o que? Sobre que? Quem sabe sobre o início de chuva? Ou sobre o acampamento no fim de semana? Ou mesmo sobre a música e seu vai e vem sensual...
Mas não há nada a dizer. Mesmo com o seminário pra se discutir mobilidade e transporte na UFV. Mesmo com um projeto de Etnobotânica e Segurança Alimentar, mesmo com a Biologia da Conservação.
Nada a dizer.
E agora colherei bem as palavras e os momentos antes de postar nesse trem. Fica assim.
Por enquanto as palavras saem sem um traço motivado, só pra anunciar que agora terei um objetivo mais coeso com isso. Mesmo na sua transição.

sábado, 28 de agosto de 2010

Dónde pongo lo hallado?

Qué hago ahora? (o Dónde pongo lo hallado)

Dónde pongo lo hallado
en las calles, los libros, las noche,
los rostros en que te he buscado.

Dónde pongo lo hallado
en la tierra, en tu nombre, en la Biblia,
en el día que al fin te he encontrado.

Qué le digo a la muerte tantas veces llamada
a mi lado que al cabo se ha vuelto mi hermana.
Qué le digo a la gloria vacía de estar solo
haciéndome el triste, haciéndome el lobo.

Qué le digo a los perros que se iban conmigo
en noches pérdidas de estar sin amigos.
Qué le digo a la luna que creí compañera
de noches y noches sin ser verdadera.

Qué hago ahora contigo.
Las palomas que van a dormir a los parques
ya no hablan conmigo.

Qué hago ahora contigo.
Ahora que eres la luna, los perros,
las noches, todos los amigos.
(1969)

Brancos dizeres. Depois da tempestade vem o vento bom, reconfortante. Èprecisoencontrarreviravolta. O filme Abril despedaçado sempre fala comigo, de olho pra olho. Boiéquenãosedeveser. E agora ouvindo Tarancón tudo volta a me relembrar das cores. Mesmo assim a rudeza foi jogada, língua bifurcada. E foi. Foia-se. Aprenderadesvincilhar-sedesimesma. Pungente! Esóemtuencontrarásoamorosentidoapoesia. Aospoucosvoltoarespirar-me.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sonhando todos os dias

Pára tudo!
Tô aqui ouvindo Nação Zumbi com um livro de Evolução em mãos pra prova de monitoria do COLUNI de amanhã. Mas de frente ao computador não há estudo focado de verdade. Pelo menos pra mim. Fui e vim num monte de blogs, num monte de lembranças e pensares. E resolvi deixar-me falar. A monitoria que espere o dia de amanhã que virá.

Amor.É o que vive em mim. Um amor que desgringola. Mas que me grila. Um amor com o qual sou injusta e sou dada. Alguem que achei e que me permite fluir coisas lindas e mesmos as mais horríveis de meu ser. Desconhecido por mim, o ser-meu. Não, de fato um amor não é tudo na vida. Ou é? É equilibrado. E o que é equilíbrio? Amor tem fim. Tem? Lembra até um trecho do Leminski,perdido numa velha agenda de adolescente:

Amor, então
Também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
É que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva
ou em rima

Tive amores? Creio descrendo. Talvez dois. Talvez três. Amor-asa-cor-paixão-palpitação. Desses três de dois diria que a matéria de hoje em dia é rima. Mas a dos outros virou raiva. E talvez tenha virado muito mais. Muito do que sou.
Mas passa.
Este amor que vivo hoje em dia,revela-se. Cada dia é um pedacinho mais.

Mas não estou sã e tenho receio de adoecer também esse amor. Estou doente de vida. Quero pô-la pra fora. E não vai. Me escancaro no meu ser. E exagero. Mas dói. As lágrimas, como o coração, não mentem. E chorei. Chorei como nunca com alguém.
Sou feita de medo e covardia. Como já foi dito no filme Waking Life. É o que atormenta a humanidade. E dela faço parte.

Mas sou da quase extinta raça dos sonhadores. E por isso estou doente, incomodada, como uma resistência.

Não, não gosto do meu amor apegado. Da minha crueldade e rudeza com quem está do meu lado. E ainda é doloroso pra mim. Mesmo compartilhando da mesma vontade de vida. É a insegurança em si.

Ao mesmo tempo vejo que não há mais escapatória: ou me dou de vez e te recebo ou acaba tudo. E vai ficar no vento. Mas não é isso que queremos. Eu te quero.

E o que mais me deixa assim desgostosa é o costume das palavras. O movimento estudantil e seus limitados esteriótipos. A universidade se vendendo e todos vendando seus olhos, por vontade, por medo ou covardia. Além disso, tenho minhas próprias vontades que deveriam correr por aí traquinamente. Mas se freiam a cada feiúra, a cada rotina. Meu espírito nega a rotina. Nega o automato. O padrão e o esperado. Mesmo que seja um espírito contraditório e infiel a si mesmo. Engraçado!

Ainda estou para encontrar-me com o que há de maior em mim. A fonte disso tudo. Dessa doença. Sei que estou quase chegando nela. Pois realidade e não-sei-o-que(meu viver) estão se mesclando aos poucos.

E o amadurecimento que parecia ter ocorrido em Recife foi pras cucúia!

sábado, 21 de agosto de 2010

Luz de tarde



A luz de fim de tarde tinha para ela um sabor inigualável. Os róseos raios de sol formavam  um só arrepio ao beijar sua pele. O momento em que sentía todo o mundo, seus fenómenos e sua vida. No ônibus, voltando de mais um dia, sentía o crescer invasor no seu corpo, era a sua conversa preferida. Muda, sonhava… pensava em liberdade, em amores, em lugares para se estar. Nao, nao tinha medo do fim do dia. Era como fazer amor, renascer. Nao entedia de onde vinha aquela energía sensual, apenas a sabia. Sabia como de nascença, que movimiento fazer, qual a válvula para seu prazer. Sabia. E era como um delirio, uma destruiçao. Ia para o seu zero, cometia os maiores crimes, os setes pecados capitais, cuspia nos dez mandamentos. Mergulhava no seu mais profundo e levava todo o mundo. Lá estaba Roberto, sua mae, o gato do vizinho. Sentia. Os papéis tinham o passado em sua essência, de nada lhe serviam. Aquela rua nao era camino algum. O amor, era velho. Sua miopía nao tinha lentes. Via! “ Nao era o suficiente!”, dizia. Nunca o serei, nunca será. Reiventar! Quem sabe à maça seja possível um pouco mais de pêssego? Quem sabe naquele escritorio nao caiba um pouco mais de pássaros? No ar, voar. Quem sabe no seu bom dia…quem sabe na sua dança…no seu sorriso…na sua mao? Sabia. Debruçava-se. Caía. Girava. “Somos feitos de verbos, somos feitos de vento”, regogitava. E o gosto amargo na boca a jogava no sofá. Olhos sem agua na janela. Se reencontrava. Se conhecia. Se amou. “Eu sou”, bastava. Era sempre a mesma nova conclusao. O mesmo empurrao, o cuspe na cara. Era sua epilepsia. No jornal, os gols do dia. A mesma Bia?


(Escrito pra um projeto de blog coletivo que não rolou.Talvez em Janeiro de 2010)

Bem no fundo

no fundo, no fundo
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo
extinto por lei o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
Mas problemas não se resolvem,
problemas tem família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, seu senhora
e outros pequenos probleminhas.

Paulo Leminski

Começando com esta humorada poesia de Leminski fica até mais leve falar de seus problemas.
Mas parece apenas. Sempre pensei que fosse uma pessoa que dissesse. Que fosse clara. Vejo, porém, que me é custoso sair. "Não saio de mim nem pra pescar!" Agradeço o abraço apertado em meio às lágrimas. Amo seu amor, amo-te. E te ouço bem, te ouço sempre. Quando falas de ti, quando é a mim a quem te referes. Foram poucas, porém certeiras palavras. E vou tê-las comigo.
Quem dera fosse de hoje o decreto de tudo de inseguro sair de mim. Já!
Mas não é.
O real é esse.
Mas tudo bem. Tudo bem mesmo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Recado



Você tem que saber enfrentar as coisas
Do modo mais simples como aparecem
Coisas tão banais não vão levar você ao desespero
Você tem que viver sem perder as cores
Você tem que aprender a pisar nas dores
Não precisa beber pra esquecer
Nem precisa sorrir de mentira
E dizer que está feliz
Você vive pregando miçangas
Em fazendas de algodão
Siga o exemplo do meu companheiro
Cristo rei a salvação
Cante a lua que a noite aparece iluminando este lugar
Cante o sol que ao raiar não se esquece de brilhar neste meu chão
Você vive pregando miçangas
Em fazendas de algodão
Siga o exemplo do meu companheiro
Cristo rei a salvação
Cante a lua que a noite aparece iluminando este lugar
Cante o sol que ao raiar não se esquece de brilhar neste meu chão
 
Música cantada pela Banda de Pau e de Corda, lá de Recife. 
Eu tive a alegria de vê-los tocar na Festa Junina. ê Hellcife!
Não achei o vídeo dessa canção, mas coloco outro vídeo deles,
igualmente lindo.

Pois há de se ter sempre esperança!
Mesmo com nossa espécie humana destruindo tudo a sua volta, inclusive a si própria. 
Mesmo com nossa falta de amor por todos e tudo, mesmo com nosso automatismo,
nossa hipocrisia,nossa arrogância e descaso.
Mesmo com tudo isso, há de se ter esperança! Esperança nesta bola a girar conosco, 
nesse sol, nessa lua, nos pássaros, no verde.
Esperança em cada um de nós e em todos. 

sábado, 14 de agosto de 2010

Por que te vas...

Pra próxima segunda-feira foi lançada mais uma atividade-desafio pelo professor de uma das matérias da Licenciatura:Instrumentação pro Ensino de Biologia. Cantar! Ops! Mesmo com as desafinações, mesmo com as inseguranças e timidez. Simbora! Fazer graça!
Cantarei a musica "Por que te vas..." também interpretada pelo Pato Fu, mas de autoria de Jeanette, creio. Ela também é a musica tema do filme espanhol Cria Cuervos, do qual ponho um trechinho no vídeo abaixo.
O amor é um bicho estranho. As vezes quer ver-se pássaro, outras gaiola. Será mesmo o amor o estranho, ou nós? Mas ainda assim, amantes, amadores amantes.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Olá!
Pra quem soube, fui e voltei com este blog. Vejo minha necessidade pulsante de compartilhar escritos. As palavras não informam apenas: letrinhas na tela em branco. As palavras sentem. Fluem de mim pra algum lugar. Talvez escrever seja a maneira que ultimamente tenha mais falado de mim, sem me dizer por completo, mas quase. E por isso compartilhar por este meio. Mesmo que esse meio me incomode. Vivo com minhas contradições.
Voltei pra Viçosa. Cantinho entre montanhas. Pessoas queridas. Movimentos conhecidos. E quem sabe com um outro ponto de vista possa descobrir sempre, com amor e alegria. Mas há momentos difíceis. A universidade, o curso, as matérias, a distância da prática e a lógica de viver são custosos pro meu espírito. E sinto que o passar dos dias aqui vai tirando meu brincar, meu brilho nos olhos, minha profundidade nas coisas. Há momentos que fico vendo entre as pessoas, me ensimesmando, desgostando de mim mesma pelo meu egoísmo. Mas vejo um ipê, vejo uma bicicleta, um cachorro de carreiras na grama, vida vida vida...e meu peito se enche.
Não, dessa vez não me entregarei. Não me apegarei. Sem tristeza. Vivendo como se me apresenta e me desafiando a cada pisar.
Pensamentos que vão e vem.